Este achado poderá explicar alguns dos efeitos
duradouros da covid-19, como enxaquecas, fadiga crónica, perda de
paladar e olfato, problemas de sono ou até mesmo a sensação de “nevoeiro
cerebral”, representando um quadro de cansaço intelectual.
“Os doentes geralmente desenvolvem complicações neurológicas com a covid-19, mas o processo fisiopatológico associado não é bem compreendido”, sublinhou Avindra Nath, um dos autores do estudo, em comunicado.
“Já tínhamos mostrado o dano que afetava os vasos sanguíneos do cérebro dos doentes durante as autópsias, mas não entendíamos o que o causava”, acrescenta Nath. “Acho que com este artigo temos alguns novos indicadores sobre esse processo”.
Os nove cérebros dos doentes, com idades entre 24 e 73 anos, foram comparados com outros dez de um grupo de referência. Os investigadores puderam observar a inflamação neuronal e a resposta imunitária.
Os anticorpos produzidos em resposta à covid-19 atingiram erroneamente as células que compõem a barreira hematoencefálica, uma estrutura que envolve os vasos sanguíneos no cérebro e tenta bloquear substâncias estranhas.
A degradação causa por tal processo pode desencadear derrames de proteínas, sangramento e coágulos sanguíneos, o que aumenta o risco de acidentes vasculares cerebrais. Um derrame pode também implicar uma resposta do sistema imunitário para reparar células danificadas, o que causa inflamação. O funcionamento biológico das partes afetadas do cérebro é, desta forma, interrompido.
Este avanço nas investigações sobre as causas e efeitos da doença contribui também para novas abordagens de futuros tratamentos.
“É bem possível que a mesma resposta imunitária afete doentes com covid longa, o que causa lesão cerebral”, observou o investigador.
Um tratamento contra esses sintomas prolongados da doença poderá, por exemplo, limitar a produção dos anticorpos que causam danos cerebrais, realçam os cientistas: “Esses resultados, portanto, têm implicações terapêuticas muito importantes“.
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